Monday, April 04, 2011

Tuesday, November 18, 2008

Amar é Escarafunchar

Cling

Faz-me comichão. Cogita, Equaciona, Tenta-me…
Isso passeia por aí mas não te percas.

Pesar aquele sorriso e ter a certeza de que não foi mais que um bónus forjado da máquina humana. Pensar que tudo o que accionamos é fruto de um elaborado esquema tão pouco lógico como o escarafunchar de uma larva por dentro de um pinheiro bravo. Um escarafunchar só por escarafunchar.

Trang


Insere-te. Isso – não te demores e toca só onde é preciso – compromete esse rasto de ti por mim a dentro sem vacilar.

Tomar o ser humano como um apóstolo do impulso também está bem. Não
restam muitas dúvidas. O impulso faz-nos saltar para a terrível teia da sobrevivência onde a Rainha é – claro está- a racionalidade. Maldita. Quando menos esperamos. Mesmo quando tudo nos diz que sim mas nós insistimos que não, ELA apanha-nos na curva de uma vírgula e vira-nos para nos vermos a ser violados.

Tung

E quase te queda o movimento. Por uma ou outra razão que desconheces rodeias e ficas-te pendurada num vai não-vai que te dá o melhor prisma do Humano sobre o abismo.

Quero-te limpa. Desapegada de quaisquer pregas humanas. Branqueada e jogada por mim a dentro assim.

Aí estás tu! Entrevejo-te nesse baloicé -de contradições- para não te deixar parar que bem sei que assim que parares para-te também o coração e uma violência animal se jogará sobre o meu próprio peito. Porque parar é cair e por baixo de nós –afianço-te, palavra de quem por lá já passou- está um tabuleiro de xadrez em que os peões são suínos.

Afinal não me faças cócegas! Fiquemos aqui pendurados! O mundo é só Amor. Tão óbvio como o escarafunchar de uma larva num pinheiro bravo. Um escarafunchar só por escarafunchar.


Wednesday, June 11, 2008

Love. You Jackass.

Se a cadeira branca e fria me abandonou não foi por acaso.

Desde há muito que não me olhava dela e sinto-a agora torcer-me o estomâgo como retaliação pelo esquecimento. Não se deve esquecer pessoas. Muito menos coisas.

O tempo que veio desde a última vez que me olhei dela obrigou-me a morrer novamente todos os segundos que dela me lembrei. E não foi fácil. Nada mesmo.

Durante todo este tempo tentei ignorá-la, passar-lhe ao lado, pontapeá-la como se nada fosse. Nada. Porque é onde se julga que as coisas pertencem. Á Terra do Nada.

Esta provocação à Terra do Nada, mais tarde ou mais cedo, paga-se.

Isso. Torce mais um pouco.

As coisas são MESMO importantes. Não só porque nos fazem sentir pessoas mas porque nos colam às outras pessoas.

Isso. Faz da tua actuação o guião de uma úlcera gástrica.

As pessoas são menos importantes do que as coisas. E Porquê? Porque as pessoas não vivem sem as coisas mas as coisas vivem sem as pessoas. Abandonada no chão dum quarto de alcatifa escuro, ela sobrevive.

E já na estrada, de olhos postos no vazio lateral que o autocarro ultrapassa, a úlcera rebenta e num trovão de dor interno solto um uivo de raiva que mal se chega à garganta se perde pelo esófago.

Só eu sei o queria gritar. Dois pontos Matem-me Já. Acabem com ela enquanto podem.

Esperei pela anuência. Pero Nada. Silêncio de um zero à esquerda…

Só interrompido por um destemido

-“It’s Love Jackass…”

-Deixa é só a minha consciência a fazer barulhos de fome

Tuesday, December 05, 2006

Sim, Concâvo.


É num relance que me paralisa o Olhar. Concâvo. Cambaleio-me por todo o ser que me conheço. Seu tolo.
Era capaz de pegar num papel oxigenado e desenhar-te num riscar de fósforo. Num riscar finito e fátuo de amor, perpétuo na dor, e bastava um torto olhar.Antes, pego no papel e rascunho-te num punhado de palavras que me enchem os dedos. Quem dera poder colorir-te de letras esvaídas de amor. Mas não. Foi meu.
O destino que te inscreveu de dizeres triviais
com sublime fundo negro.
Tu e esse teu cheiro. Sim,
essa tua nota inundada duma framboesa que me desata os sentidos. E multiplicai-vos…por ti toda e tua. Tentas-me duma arte cujo salão mais não cabe, que no Olhar. É nuns teus toques que me afinco.
Dedos de xadrez que me não fintam.
Pouso-me a palma das falanges e é por toda tua que me corre o sangue. Teu. Meu. Dos imortais poção. À solta pelo mais que de mim despertas por um flácido Olhar, magnifico desamparo.
Se aquilo que me não desejas se perdeu, então que se abram as portas e se anuncie com trompetas que me achei. A ti. Titubeante. Desamparada. Sublime.
Tomada dum estonteante travo a framboesa. Olhar por olhar.
Um grito de dor desamarra-se e tu cais-te.
Soltaste das certezas. Sabes que talvez não.
E a rede foge-te por baixo num prazer Submissa. E os olhos? Esses rebolam infantilmente por ti e mim todo num fugaz suspiro…olhar por olhar,
o tolo.

Monday, September 18, 2006

Tigela de amor

Talvez o branco. Assim que me sento ligo-me na rádio. Ligo-me e deixo o mundo em que me fui criado. Vejo o rapaz bem educado. O rapaz dum ar ligeiramente simpático com cabelo empastado em gel. Espetado. Tudo indica que é feliz. O que é que faz mesmo esse rapaz?

Lanço. E perfuro-me na atmosfera da razoabilidade para enlear-me no universo das letras. Aqui! O fingidor sou eu. O fingidor és tu. Posso dizer-me ser feliz e ser bem, ser triste e ser mal. E sim, nas letras somos um tudo à direita e um nada à esquerda. Nada por tudo.
Vagueio. Vou-me até ao dia em que descobri o tal fogo.
Foi justamente encostado naquela parede branca cal que percebi que dói… Dói mas ao contrário do que canta Camões também se vê…e eu vi o todo branco que me encheu o olhar...Papá…chamava-me ela e aí me fugia eu prá sua beira. Linda, quente, enchia-me por completo que parecia explodir o peitito daquele magricelas, a doce menina.
Vinha a manhã e o Sol nascia todo pelas entranhas do meu ser humano ainda frágil, pero ja hombre. Toca-me. Já lhe sinto o odor a qualquer coisa misturada com a alfazema da cómoda da mãe. Infantil. Ingénua de um tudo em que é pouco mais que o nada em que nasceu.
Branca, a cal.
Avança e num passo bate com força no chão. Pára diante de mim. Olha-me e lança sua mão nívea de encontro ao meu pescoço e pára. Pára…A respiração fundada num nada pára também. Encostado em parede no muro morro-me por dentro como pirâmide de hipérboles do amor. O que quer que foi doeu, despoletou uma qualquer guerrinha de infantarias por todo dentro de mim e esforço-me para que no exterior não se ouça as trompetas…É bem forte. Torna o mais aguerrido combatente numa mera haste ao vento…Volta a respiração e ainda não consigo tomar-lhe a íris. Que estranho este que ama. Ama. Baixa a cabeça e num movimento brusco que balouça todos as cordas de cabelo saca-lhe da mão. E ama.
Ela põe os pés num slamlom de balarina e o general máximo toca a retirada.
Branco, o magricelas desvia o olhar e foge por entre as pernas brancas em tropeços ziguezagues…

Trôpego, de um modo sorrateiro, ajeita o cabelo de uma tigela em que o barbeiro fazia a espuma e segue o seu caminho com os olhos baixos. Vai prá sala branca…o magricelas.

Tuesday, September 05, 2006

>Morrer na praia



Em pontas, pego-te e penduro-te. Tu! Demolhada num passado que já lá vai.

Demoro-me… deixo os meus olhos esbanjar-se em todo o estendal e sinto a mágoa e dor que percorre o fio finito. Vejo ali tardes, sorrisos, ironias, olhares e cor!

Ao pegar numa primeira vejo o encontro fortuito, uma cadeira de plástico que puxa conversa e nos puxa um diante do outro, mera coincidência diriam. No destino não as há, todos os pontos conduzem uma linha, cujo fim há muito traçado. Pego numa segunda e terceira e o que volta a abeirar-se são risos, loucuras e promessas que se alinham céleres mas como que sobre uma mesa de jogo… São por cima de tudo felicidades, momentos iluminados por uma chama plena de alegria! Sim, fui feliz. Fui feliz contigo, fui feliz por seres comigo e me honrares ser cavaleiro do teu quintal!

Todos aqueles dias estendidos por ali num acaso admirável (até para uma dona respeitável) me deixaram tonto, uma bóia que à tona da promessa da felicidade se deixa guiar pelo bom vento e persegue doces caminhos com sabor a fel…

Lindos! Aqueles efémeros em ti, tudo o que acelerava nos olhares e parecia não mais parar! Tomar em verso linhas tão profundas era decapitar todo o sentido a que este texto aqui se agarra, mas tomar-te num estilo enlameado e quente foi esse sim o prazer maior! E belas sinfonias ecoaram em mentes virgens graças ao teu poder nada terreno mas sobre-humano…É de teu e deve continuar…deixa de fazer sentido escrevinhar mais qualquer coisa em saltem palavras que não tenha a tua chancela mental…É o último salto e após pendurar o último momento acaba aqui. Como começou. Numa transpiração pra lá do simples ser.

Penduro-te…encharcada de uma dor que me dói a mim, fruto de umas bandarilhas por que sou tomado e que demorei a conseguir arrancar…Fatalista? Talvez.

O certo é que tudo o que acreditei ao longo deste fio aqui esticado ficou cadáver, dolce principesca.

Thursday, August 24, 2006







Foi aqui nesta cadeira. Nesta cadeira onde me sento ingrata e dura.

Puxo de um, puxo de outro e ainda daquele bem saliente, uns a seguir aos outros naquele modo desajeitado do costume. Não passam de tretas enroladas com desespero, aqueles que puxo. Se pudesse voltar atrás e não puxar aquele que me enfiou nisto… Quem me dera não o ter feito, quem me dera que continuasse a sentar-me nesta cadeira e não ter de os puxar um atrás do outro dum modo vergonhoso. É um facto, sinto vergonha, nojo de mim, nojo do meu eu, nojo daquilo que não fui, daquele que não puxei.

Fui atropelado pelo que podia ter sido, embaraçado pela fantasia que delineei a verde-rosa e que foi, não mais que uma fantasia, um pesadelo mergulhado em desilusão castanha.

Quiseste poupar-me com o da razão e eu, tomado de Quixote, peguei no que estava ao lado, o degradante do “coração”. Hoje, não sou mais que um pássaro negro sobre um oceano repleto de crias da fealdade que cicurgitam bem alto…o teu nome.

É quando puxo doutro que me acende a ferida, é quando o puxo que me bate de tal maneira, que me fico.

Atordoado no nevoeiro, sem âncora, sem norte, apenas com o lápis negro na minha escura mão…envolvo um maço tortura de pensamentos…é por ti.